Brasília – Os meninos são mais propensos a repetir o ano ou abandonar
a escola do que as meninas. Eles têm, em média, uma probabilidade 12%
maior de fracasso escolar do que as meninas. Segundo a pesquisadora
Paula Louzano, as meninas geralmente têm uma maneira de portar-se mais
alinhada com a cultura escolar, com o que se espera dos estudantes. Ela
explica que as escolas esperam que os estudantes “prestem atenção nas
aulas, sejam calmos, o que se aproxima mais do comportamento feminino.
Os meninos geralmente são vistos como agressivos, difíceis, pelos
professores”, diz.
As conclusões da professora da Universidade de São Paulo são
resultado de levantamento feito com base nos dados do questionário
socioeconômico da Prova Brasil 2011. O questionário do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira foi
aplicado em todo o país e respondido por 2,3 milhões de alunos do 5º ano
do ensino fundamental. Ela escreveu o artigo Fracasso Escolar e Desigualdade do Ensino Fundamental, publicado no relatório De Olho nas Metas de 2012.
As diferenças de probabilidade de fracasso variam entre as regiões
brasileiras e entre a cor da pele dos estudantes. “Em termos absolutos,
os meninos pretos – seguindo a denominação adotada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – representam o grupo mais
vulnerável ao fracasso escolar, em todas as regiões e em todos os níveis
de escolaridade dos pais”, diz Paula Louzano.
No Nordeste, estudantes do sexo masculino autodeclarados pretos têm
59% de chance de fracasso e, no Norte, o número vai para 59,3%. Nas
mesmas regiões, a probabilidade de uma menina autodeclarada preta
fracassar é 45,5% e 45,8% respectivamente. Entre os alunos
autodeclarados brancos, no Norte, os meninos têm 52,2% de possibilidade
de insucesso e no Nordeste 50,9%. Entre as meninas, o índice é 38,8% e
37,5%, respectivamente. Os menores índices estão no Sudeste, onde, para
meninos pretos é 42,3% e para meninas pretas é 29.8%. Meninos brancos na
região têm 26,5% de chance de fracassar, enquanto as meninas brancas,
17,3%.
Outra pesquisadora da universidade, Marília Carvalho concorda com
Paula Louzano, segundo a qual a postura das meninas está mais alinhada
com a cultura escolar. Marília acrescenta que os meninos sofrem uma
pressão dupla. “A primeira é a da sociedade de que, para se firmar como
macho, tem que ser respondão, briguento. A segunda é a da escola, que
reforça a questão. Quando os meninos são quietos, não gostam de futebol
etc, a escola estranha e isso é colocado nas reuniões de professores”,
diz.
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
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