As conclusões da professora da Universidade de São Paulo são
resultado de levantamento feito com base nos dados do questionário
socioeconômico da Prova Brasil 2011. O questionário do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira foi
aplicado em todo o país e respondido por 2,3 milhões de alunos do 5º ano
do ensino fundamental. Ela escreveu o artigo Fracasso Escolar e Desigualdade do Ensino Fundamental, publicado no relatório De Olho nas Metas de 2012.
As diferenças de probabilidade de fracasso variam entre as regiões
brasileiras e entre a cor da pele dos estudantes. “Em termos absolutos,
os meninos pretos – seguindo a denominação adotada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – representam o grupo mais
vulnerável ao fracasso escolar, em todas as regiões e em todos os níveis
de escolaridade dos pais”, diz Paula Louzano.
No Nordeste, estudantes do sexo masculino autodeclarados pretos têm
59% de chance de fracasso e, no Norte, o número vai para 59,3%. Nas
mesmas regiões, a probabilidade de uma menina autodeclarada preta
fracassar é 45,5% e 45,8% respectivamente. Entre os alunos
autodeclarados brancos, no Norte, os meninos têm 52,2% de possibilidade
de insucesso e no Nordeste 50,9%. Entre as meninas, o índice é 38,8% e
37,5%, respectivamente. Os menores índices estão no Sudeste, onde, para
meninos pretos é 42,3% e para meninas pretas é 29.8%. Meninos brancos na
região têm 26,5% de chance de fracassar, enquanto as meninas brancas,
17,3%.
Outra pesquisadora da universidade, Marília Carvalho concorda com
Paula Louzano, segundo a qual a postura das meninas está mais alinhada
com a cultura escolar. Marília acrescenta que os meninos sofrem uma
pressão dupla. “A primeira é a da sociedade de que, para se firmar como
macho, tem que ser respondão, briguento. A segunda é a da escola, que
reforça a questão. Quando os meninos são quietos, não gostam de futebol
etc, a escola estranha e isso é colocado nas reuniões de professores”,
diz.
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
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